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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Somos professores de língua e literatura clássica (Professor Matheus Trevizam - latim - e Professora Tereza Virgínia -grego) e uma aluna (Veronica Cabral) na Faculdade de Letras da UFMG. Como docentes, atuamos na graduação e na pós-graduação da FALE nas áreas do ensino, pesquisa e orientação científica a alunos.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Declinações? Casos? Coisas que não encontramos propriamente em português... Parte II


Declinações? Casos? Coisas que não encontramos propriamente em português

Prof. Matheus Trevizam


Havia seis “casos” internos a cada declinação/ grupo temático dos nomes latinos. Eram eles o “nominativo”, correspondente à função do sujeito, o “acusativo”, correspondente à função do objeto direto, o “genitivo”, correspondente à função do determinante, o “dativo”, correspondente à função do objeto indireto, o “ablativo”, correspondente aos adjuntos adverbiais, e o “vocativo”, correspondente a essa mesma função sintática do português. Assim, se dissermos que o “nominativo” das palavras de tema em “A” era em –a, por apresentar tal “desinência” (ou terminação indicadora de nexo gramatical), e o “acusativo” era em –am, ter-se-ia: PVELLA AMAT AMICAM – “A menina gosta da amiga” – ou ainda: AMICA AMAT PVELLAM – “A amiga gosta da menina”. Com os ajustes devidos, muitas palavras de tema em “O” apresentavam “nominativo” em –us e “acusativo” em –um, o que nos daria: LVPVS VIDET AGNVM – “O lobo vê o cordeiro” – ou ainda: AGNVS VIDET LVPVM – “O cordeiro vê o lobo”. Como as “desinências” casuais já indicavam por si a função sintática das palavras latinas, a ordem oracional das palavras nessa língua era bastante livre: LVPVS VIDET AGNVM = VIDET LVPVS AGNVM = AGNVM VIDET LVPVS = LVPVS AGNVM VIDET etc.

O mesmo, em relação à ordem das palavras nas frases (“Maria ama José” é bem diferente de “José ama Maria”!) e à morfologia dos nomes (adjetivos e substantivos), não ocorre na língua portuguesa, mas ainda subsiste, como “espelho” de um longínquo passado no latim, um funcionamento semelhante dos pronomes pessoais: ELE (sujeito) ME (objeto direto) viu (nunca, pela norma culta: “Ele viu EU”); Ofereci flores a TI (nunca, pela norma culta: “Ofereci flores a TU”).



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