Uma modesta cortesã: a personagem de Báquis na “Hecyra” de Terêncio
Dentre os antigos comediógrafos romanos, Públio Terêncio Africano (185-
Daí, no contexto de uma peça como sua Hecyra (“A sogra”), a presença de uma tocante personagem como Sóstrata, a “mater familias” a quem se imputara com injustiça a partida de casa da jovem Filúmena, esposa de seu filho, Pânfilo, por supostas desavenças entre sogra e nora. Na verdade, antes de casar-se, Filúmena fora violentada por um desconhecido e se descobrira grávida depois de já unida ao marido; assim, alarmados ambos os jovens com o problema, a moça decide voltar para a casa de seu pai, onde dá à luz um menino. O enredo da peça, no entanto, mostra ao fim que, sem o saber, o causador da gravidez da esposa fora o próprio Pânfilo, numa noite de embriaguez: tendo ele, na ocasião, dado à “bondosa” cortesã Báquis, sua antiga amante, o anel que roubara da moça violentada no escuro e fazendo-se, enfim, o reconhecimento de tudo por este objeto, pôde ao término o jovem voltar a viver em paz com sua esposa e o filho.
Na tradução de Walter de Medeiros, eis abaixo as delicadas (e sinceras) palavras de Báquis ao ex-amante reconciliado com Filúmena: “Fazes bem, Pânfilo, em te afeiçoares à tua mulher. Nunca até agora – que eu saiba – a tinha visto rosto a rosto: parece-me uma verdadeira senhora” (entre v. 860 e 865).
(edição citada - Terêncio. “A sogra”. Tradução de Walter de Medeiros. Brasília: UNB, 1994)
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