A verdade até certo ponto revelada em “Contra Neera”, de Demóstenes
O discurso judicial (acusatório) “Contra Neera”, atribuído ao orador ateniense Demóstenes (384-
Em Atenas, além de ter-se juntado a uma estrangeira e ex-escrava como se ela fosse cidadã do lugar, Estêfanos registrou os filhos bastardos de Neera em sua “fratria” para fazê-los passar por seus descendentes legítimos e deu Fanô, uma dessas crianças (e também prostituta!), em casamento ao tolo nobre Teógenes. Casada com essa personagem dos altos círculos sociais de Atenas, Fanô chegou impuramente a tornar-se “esposa” do “Arconte-rei” (Sacerdote-chefe do culto público), pois o desavisado marido fora escolhido para o cargo por um ano. Tal profanação do culto, aos olhos dos tradicionalistas, representava os riscos de que os deuses, irados, viessem a punir toda a cidade.
Por uma ironia do destino, embora se trate o “Contra Neera” de um dos mais eloquentes testemunhos sobre a prostituição na Grécia clássica, não se sabe o desfecho do julgamento de Neera...
Para conhecer em maiores detalhes a história dessa cortesã, além da leitura do próprio discurso de Demóstenes, recomenda-se, de Catherine Salles, a obra Nos submundos da Antiguidade (Brasiliense, 1983), em tradução brasileira de Carlos Nelson Coutinho.
Prof. Matheus Trevizam
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