
Nas “Cartas morais a Lucílio”, entrevemos uma das mais apaixonantes faces do grande homem de cultura que foi Lúcio Aneu Sêneca no século I d.C.: referimo-nos aqui ao filósofo, natural de Córdoba, na “Hispania” romana, e que se destacou em seu tempo como estadista sob Nero e Agripina, autor de numerosos “tratados” dedicados a temas caros ao Estoicismo, dramaturgo e epistológrafo. O destinatário dessas cartas, Lucílio, foi um amigo a quem Sêneca, quiçá um pouco mais adiantado na via da Sabedoria, intenta aclarar, com a ternura (e, por vezes, a necessária dureza!) dos que amam, em assuntos como o significado da vida e da morte, das riquezas e prazeres mundanos, do que em geral se consideram “dores” entre os homens... Abaixo, uma importante passagem do mesmo recolho epistolar, pois nela se oferecem “antídotos” contra os “venenos” morais da vaidade e da inveja:
“Quanto a estudares com afinco e, preterindo todo o resto, apenas buscares a isto, que a cada dia te tornes melhor, aprovo e alegro-me, e não só exorto a perseverares, mas ainda peço. Contudo, aconselho-te que não – à maneira de quem não deseja progredir, mas ser notado – faças certas coisas que atraiam os olhares para teu comportamento ou estilo de vida; evita o desleixo do corpo, os cabelos desgrenhados, a barba um tanto mal feita, o ódio aberto ao dinheiro, um leito sobre o chão e, ainda, o que for que persiga a ambição por um mau caminho.
O próprio nome da filosofia, ainda que discretamente tratado, já é bastante odioso: e se começarmos a nos negar aos hábitos humanos? Dentro, tudo difere, convenha nossa face ao vulgo” (“Ad Lucilium” I, V 1-2).
Prof. Matheus Trevizam
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