Quem sou eu

Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Somos professores de língua e literatura clássica (Professor Matheus Trevizam - latim - e Professora Tereza Virgínia -grego) e uma aluna (Veronica Cabral) na Faculdade de Letras da UFMG. Como docentes, atuamos na graduação e na pós-graduação da FALE nas áreas do ensino, pesquisa e orientação científica a alunos.

domingo, 6 de setembro de 2009

Declinações? Casos? Coisas que não encontramos propriamente em português


Parte I:

Outra ansiedade dos que se propõem a um primeiro contato com a língua latina (o mesmo, pode-se dizer, há de ocorrer com a grega!) diz respeito à “obscura” ideia das “declinações”. Quando, porém, descobre-se que cada uma delas, na língua de Cícero, ainda conta com pelo menos seis “casos” gramaticais internos, muitas vezes sobrevém o susto...

Essas noções não resultariam tão “estranhas” se notássemos que, em parte, há leves “resquícios” das “declinações” latinas nos nomes de nossa língua e, em muito menor medida, até dos “casos” nos pronomes pessoais. Assim, “declinações” eram grupos de nomes latinos que se aproximavam por apresentarem uma mesma “vogal temática” (“a” - primeira -, “o” - segunda -, “i” - terceira -, “u” - quarta - “e” - quinta) ou por não a apresentarem (palavras consonantais da terceira declinação) e que, simultaneamente, marcavam sua função sintática nas frases (sujeito, objeto direto, objeto indireto...) recorrendo às mesmas “desinências” casuais.

Por motivos didáticos, trataremos melhor da questão das “desinências” e “casos” na segunda parte das explicações, mas nomes a conterem diferentes “vogais temáticas” e, por isso, reunidos sob “grupos temáticos” específicos são possíveis também em português (como eram em latim!). Assim, “pactO”, em nossa língua, pertence ao “grupo temático” das palavras em “o”, como o termo latino “pactOrum” (“dos pactos”, genitivo plural); portanto, esse último correspondia tipologicamente à “segunda declinação”. Mas, em português, “rosA” e “mesA”, ou, em latim, “rosA” e “mensA” são palavras do “grupo temático” em “a” (o que bastava, na língua de Cícero, para vinculá-las à “primeira declinação”).

Para a discussão inicial da estrutura dos nomes (substantivos e adjetivos) em português, remetemos o leitor a CUNHA, Celso. Gramática da língua portuguesa. Rio de Janeiro: FAE/ Ministério da Educação e Cultura, 1985, p. 92-93; para a específica discussão do papel e existência das “vogais temáticas” no mesmo idioma, cf. artigo de Luiz Cláudio Valente Walker de Medeiros, “Vogal temática nominal”.

Professor Matheus Trevizam

[notas do autor - “vogais temáticas” são elementos vocálicos pospostos ao “radical”, a parte a conter os principais sentidos de um termo, mas antepostos às “desinências”, marcas morfológicas finais que, nos substantivos e adjetivos, indicam noções como o número: “rosas” = ros (radical)+A (vogal temática)+s (desinência); por “temas”, aqui entendemos a soma do “radical” mais a “vogal temática”, se houver].


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