Quem sou eu

Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Somos professores de língua e literatura clássica (Professor Matheus Trevizam - latim - e Professora Tereza Virgínia -grego) e uma aluna (Veronica Cabral) na Faculdade de Letras da UFMG. Como docentes, atuamos na graduação e na pós-graduação da FALE nas áreas do ensino, pesquisa e orientação científica a alunos.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Plínio, o jovem

"Otium" e "negotium" em Plínio, o jovem
Professor Matheus Trevizam

Na figura de Plínio, o jovem (61 a 113 d.C.), vemos uma personagem dos altos círculos sociais do início do período imperial romano: sobrinho de Plínio, o velho, famoso naturalista que morreria durante a catastrófica erupção do Vesúvio (79 d.C.), o epistológrafo teve suas origens familiares na Itália do Norte, abaixo lembrada com carinho pela menção ao lago Lário (moderno Como). Além disso, tendo desempenhado vários cargos políticos em Roma até sua morte, ao governar a província oriental da Bitínia, contam-se entre seus habituais correspondentes o historiador Cornélio Tácito e o próprio imperador Trajano.
As traduções foram por mim realizadas a partir da edição de A.-M. Guillemin para o primeiro volume das “Cartas” de Plínio (Paris: Les Belles Lettres, 1953).

Livro I 6:

C. Plínio a seu caro Cornélio Tácito:
Rirás, e podes, mesmo, rir. Eu em pessoa, como sabes que sou, cacei três - e belíssimos - javalis. “Tu mesmo?”, dizes. Eu mesmo, mas não de todo alheio a meu sossego e a que me afastasse em paz. Estava sentado junto das redes: não havia perto venábulo ou lança, mas um estilete e tabuinhas para escrever; refletia um pouco e tomava notas, a fim, se levasse de volta as mãos vazias, de levar cheias as ceras. Não tens motivo para condenar tal forma de estudo: é incrível como a mente se excita com a agitação e o movimento do corpo; além disso, por toda parte as matas, a solidão e aquele silêncio mesmo, que se faz ao caçar, são grandes incentivos ao pensamento. Por isso, quando caçares, poderás, a meu convite, levar um cesto para pães e uma bilha, assim como tabuinhas para escrever; vais ver que Diana não erra pelos montes mais do que Minerva! Adeus.
(notas do tradutor: os antigos romanos, em geral, escreviam arranhando com estiletes de osso tabuinhas recobertas por cera de abelha; Diana era uma deusa agreste, favorecedora das caçadas; Minerva, pois nascera pronta só da cabeça de Júpiter, da engenhosidade humana)

Livro II 8:

C. Plínio a seu caro Canínio:
Refletes, pescas, caças ou tudo isso? De fato, tudo se pode fazer ao mesmo tempo às margens de nosso Lário: o lago, ao peixe; as matas que cingem o lago, às feras; este teu refúgio profundo, intensamente, leva à reflexão. Mas, se fazes tudo junto ou qualquer coisa, não posso dizer que te invejo: sofro por não poder eu mesmo o que desejo muito, como os doentes o vinho, os banhos, as fontes... Nunca, se me é vetado soltar, quebrarei estes laços sufocantes? Nunca, acho. Somam-se novas às velhas obrigações, mas não se resolvem as primeiras: com tantos nós, com tantas, por assim dizer, correntes aumenta a cada dia a série de meus afazeres. Adeus.
Imagem
Imagem : " Caio Plínio saúda a Fábio Justo", exposta no museu "Louvre", Paris. Encontrada no site "Senhora Sócrates".

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